Dermatologia Geriátrica: Cuidado especial com a pele do idoso

A Dermatologia Geriátrica é uma especialização dedicada aos cuidados com a pele dos idosos, pois, assim como a pele dos bebês, possui características específicas, fazendo-se necessária uma maior atenção e cuidados especiais.

Leia para saber mais:

Importância da Dermatologia Geriátrica

Estudos e pesquisas apontam um grande crescimento da população idosa no Brasil e para garantir um envelhecimento saudável, fatores como o cuidado com a alimentação, com gripes e infecções respiratórias e cuidados específicos com a pele merecem destaque.

A medida em que os anos passam, nossa pele vai envelhecendo e se tornando mais seca, menos gordurosa e menos elástica, ficando muito mais sensível a fatores externos e propensa à reações adversas de medicamentos por exemplo.

A Dermatologia Geriátrica é a área da Medicina que vai acompanhar todas essas mudanças e reações, sendo de extrema importância para garantir uma melhor qualidade de vida ao chegarmos na terceira idade.

Diferenças da pele idosa em relação à pele adulta

Envelhecer é um processo natural e deve ser vivenciado sem traumas e com cuidados adequados.

Com o passar dos anos, a pele do adulto sofre diversas e profundas transformações, vai perdendo o viço e ganhando rugas mais profundas.

A pele do idoso apresenta uma aparência mais fina, com menos elasticidade e mais seca que a pele adulta, pois ao longo da vida há uma redução na produção de suor e sebo/gordura.

Isso facilita a absorção de medicamentos aplicados, mas também pode causar mais irritações e efeitos adversos exagerados.

Pele do idoso

O aspecto da nossa pele na terceira idade está diretamente ligado a um conjunto de reflexos dos nossos hábitos de vida e alimentação até esse período.

Fatores como o abuso do sol sem a devida proteção, bebidas alcoólicas, cigarro, dentre outros, podem fazer com que a pele apresente manchas, vermelhidão, opacidade e perda de elasticidade nesta fase.

É muito comum percebermos em um mesmo paciente idoso dois padrões de pele diferentes e com características bem marcadas: um tipo de pele na região não exposta ao sol, como nas nádegas e seios; e outra qualidade e apresentação de pele em área com dano acumulado, devido à exposição ao sol.

Doenças de pele mais comuns na terceira idade

Existem algumas doenças de pele que se manifestam com maior frequência na terceira idade.

Embora algumas não sejam tão graves, como alguns tipos de manchas. Outras podem levar até a morte, como é o caso dos tumores malignos.

Veja abaixo uma lista com as doenças mais comuns:

1. Manchas de cores variadas: podem ser causadas por diversos fatores como pela fragilidade vascular ou pelos raios UV do sol;
2. Bolhas e vesículas: muitas doenças podem apresentar bolhas e vesículas na pele, portanto torna-se essencial uma avaliação médica para um diagnóstico preciso;
3. Pústulas: a presença de pequenas bolhas com pus na pele dos idosos não é normal e caso sejam vistas, deve-se procurar um dermatologista;
4. Urticárias: podem causar sintomas como coceiras e ardores e são desencadeadas por uma série de fatores. Somente um médico poderá dizer suas causas e possíveis tratamentos;
5. Coceiras: a falta de hidratação natural da pele pode ser um dos fatores desencadeadores, mas as coceiras podem ser sinal de doenças orgânicas ou alterações emocionais que somente um médico especializado poderá definir;
6. Nódulos: nem todos os nódulos costumam ser sinal de alguma doença mas somente um médico poderá dizer exatamente;
7. Tumores: podem ser benignos ou malignos, mas somente um profissional poderá fazer essa avaliação.

Precisamos sempre prestar muita atenção nos sinais dados pela nossa pele, pois muitas vezes eles podem ser sintomas de algo que se tratado desde o início, evitará maiores problemas de saúde.

Portanto, ao verificar algum dos sintomas listados acima procure um médico especialista o mais rápido possível.

Manchas

As manchas são consideradas as lesões de pele mais comuns, principalmente na dos idosos e podem apresentar características diversas, bem como diferentes causas.

Veja abaixo uma relação dos tipos de manchas mais comuns vistas nos consultórios dermatológicos:

• Manchas escuras ou amarronzadas;
• Manchas senis brancas ou sarda branca;
• Manchas avermelhadas;
• Manchas roxas.

Lembrando que antes de utilizar qualquer tipo de remédio ou tratamento contra manchas, é indispensável a visita ao dermatologista, para um diagnóstico preciso e a recomendação do tratamento mais adequado.

Eczemas

Existem diversos tipos de eczemas, também conhecidas como dermatites e suas causas podem ser as mais variadas, que vão desde fatores genéticos à reações ao uso de medicamentos ou contato com fatores externos, como roupas e substâncias.

Para um diagnóstico preciso, se faz necessário o acompanhamento de um médico dermatologista que deverá, através do histórico de vida do paciente, identificar qual o tipo de eczema acometido, para só assim, sugerir um tratamento adequado.

Erupções

As erupções na pele são reações do nosso corpo mediante a diversos tipos de estímulos, e podem ser muito comuns na terceira idade.

Geralmente os idosos possuem a pele e o organismo mais fragilizados tanto pela ação do tempo, quanto pelo uso mais frequente de medicamentos.

Para realizar um tratamento eficaz e descobrir suas possíveis causas, o paciente deverá procurar um médico ao notar os primeiros sinais do aparecimento de erupções em sua pele.

Bolhas e vesículas

O aparecimento de bolhas e vesículas na pele do idoso pode ser um tipo de resposta a algum ferimento externo e acontecer na camada mais superficial da pele ou também pode ser considerado sintoma de alguma doença e se manifestar nas camadas mais profundas dela.

Existem diversas doenças que provocam o aparecimento de bolhas e vesículas na pele, como a epidermólise bolhosa (doença genética), o pênfigo e o penfigóide bolhoso (doenças autoimunes) e alguns tipos de dermatites, mas apenas um médico especializado poderá fazer essa distinção.

Pústulas

As pústulas são um tipo de erupção cutânea que geralmente apresentam pus em seu interior e podem ser o resultado de alguma inflamação intensa na pele.

São muito comuns em jovens e também em idosos, se manifestando através dos furúnculos, acnes e em doenças mais graves como o impetigo e a psoríase.

É importante ficar atento ao perceber qualquer tipo de alteração na pele. O aparecimento de pústulas na pele nunca é normal, por isso sempre é necessário procurar um dermatologista caso apareçam.

Urticárias

A urticária é um tipo de irritação na pele e pode causar lesões de cor avermelhada e coçar muito.

Outro sintoma bastante comum e incômodo, é a sensação de queimação na área dessas lesões. Elas podem ser do tipo crônica ou aguda e espontânea ou induzida.

Devido à variedade de causas que podem provocar urticária na pele dos idosos, o tratamento sempre deverá ser indicado por um médico dermatologista.

Coceiras

As coceiras na pele podem ter suas causas em diversos fatores, mas nos idosos elas se manifestam principalmente pela falta de hidratação natural da pele.

Elas também podem ser sinal de doenças orgânicas ou alterações emocionais.

Outros fatores que podem desencadear coceiras, pode ser uma reação alérgica a roupas, fraldas geriátricas ou alimentos e também a medicamentos.

Nódulos

Na terceira idade os cuidados com a pele tornam-se de extrema importância, pois nela manifestam-se os mais diversos sintomas das mais variadas doenças e dentre eles estão o aparecimento dos tão temidos nódulos.

Os nódulos são caroços ou elevações na pele e em geral são inofensivos, mas também podem ser sintomas de algum tumor.

Ao observar o aparecimento de algum caroço pelo corpo é de extrema importância que o paciente procure ajuda médica.

Tumores

Existem diversos tipos de tumores e o tumor de pele mais comum em idosos chama-se câncer não melanoma, sendo o tipo menos agressivo da doença.

Ele geralmente é causado pela exposição excessiva ao sol ao longo dos anos sem a devida proteção.

Se tratado desde o início, o câncer não melanoma é potencialmente curável, por isso, ao identificar qualquer sinal, mancha ou pinta que sofram alguma alteração de cor, textura ou aspecto é indispensável procurar um dermatologista.

Escaras

As lesões por pressão, mais comumente conhecidas como escaras, são muito comuns em pacientes idosos.

São feridas que aparecem na pele de pessoas que não conseguem se movimentar e ficam na cama ou sentadas por muito tempo.

Recomenda-se, como uma das maneiras de se tentar evitar essas feridas, sempre com as orientações de um profissional, realizar a mudança de posição da paciente acamada de tempos em tempos, além de manter sua pele sempre limpa, seca e hidratada.

Psoríase

A psoríase é uma doença autoimune e inflamatória crônica da pele e não é contagiosa.

Ela apresenta feridas e descamações e manifesta-se muito em idosos, principalmente nas áreas dos joelhos e cotovelos, couro cabeludo e unhas.

Como é uma doença incurável até hoje, torna-se essencial o acompanhamento de um médico dermatologista geriátrico para definir o tratamento mais adequado.

Cuidados com a pele do idoso

A pele da pessoa idosa merece atenção e cuidados redobrados devido a sua fragilidade e sensibilidade.

Veja abaixo alguns cuidados diários bem simples podem ser tomados e que ajudam a manter a saúde da pele e a minimizar os sinais do envelhecimento:

Hidratante

Recomenda-se o uso diário de creme hidratante após o banho para ajudar a manter a elasticidade da pele do idoso.

Esse cuidado também contribui para evitar a descamação e possível coceira devido ao ressecamento natural da pele decorrente da ação do tempo.

O uso de produtos neutros ou suaves e que possuem propriedades emolientes (que aumentam a camada de gordura na pele), umectantes (que melhoram a hidratação) e oclusivas (que diminuem a evaporação da água contida nos cremes) poderão indicados.

Ingestão de água

A ingestão da quantidade correta de água é um conselho que deveria ser seguido durante toda a vida, especialmente na terceira idade, quando tendemos a sentir menos sede e beber menor quantidade de água.

A água é um hidratante natural a auxilia na produção de colágeno e no combate aos sinais do tempo como rugas e pés de galinha.

Ingestão de antioxidantes

Outro simples cuidado que pode ser tomado com a pele do idoso e que ajuda a melhorar sua aparência é a ingestão de alimentos que contenham antioxidantes.

Essas substâncias ajudam a combater os radicais livres que são os principais causadores do envelhecimento celular.

Alguns alimentos que podem ser inseridos na dieta dos idosos e que contém antioxidantes são: frutas de coloração avermelhada, frutas cítricas, legumes como o tomate, brócolis, pepino, nozes, linhaça dentre outros.

Redução da exposição ao sol

Especialistas de diversas áreas recomendam evitar a exposição ao sol sem a devida proteção e em certos horários do dia para todas as idades, mas esse cuidado deve ser redobrado com os idosos, devido a fragilidade de sua pele.

O sol pode acelerar o envelhecimento, causar câncer, além de ser o principal causador de sintomas como manchas na pele das mais variadas colorações.

Banhos curtos e frios

Alguns cuidados na hora do banho também são recomendados para ajudar a manter nossa pele mais saudável na terceira idade.

Dermatologistas sugerem evitar banhos muito quentes e demorados e recomendam o uso de sabonetes e shampoos suaves ou neutros.

Evitar o uso de esponjas ou esfoliantes também é recomendado pois a pele dos idosos é muito fina e sensível e o uso desses itens pode machucar ou eliminar sua barreira natural.

Dermatologia Geriátrica no Rio de Janeiro

Dr. Tiago Silveira é dermatologista, especialista titular pela Sociedade Brasileira de Dermatologia e pelo MEC ha mais de 10 anos.

Formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF),  com residência médica na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi preceptor/coordenador de ambulatórios de atendimento em dermatologia geral e cosmiatria do Instituto de Dermatologia Professor Rubem David Azulay (IDPRDA) – Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro.

É autor de artigos científicos, capítulos de livros de Dermatologia e participante ativo na comunidade médica, apresentando aulas e trabalhos em cursos de atualização, congressos e jornadas científicas.

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